O futebol que premia grandes equipes, também sabe ser cruel. A Itália avança para a final da Euro credenciada pelo que produziu desde a estreia, mas classificada após 120 minutos em que foi superada. E mais: chamou atenção como as circunstâncias do jogo conduziram os italianos, gradativamente, a recorrerem a uma espécie de plano B que significou abrir mão dos mais atraentes traços de identidade do time no torneio. No início, a equipe de Mancini disputou a pressão no campo ofensivo, aos poucos foi modificando seu modelo para tentar equilibrar forças com o meio-campo espanhol e, no fim, terminou num exercício de resistência em que a condução do jogo para os pênaltis não parecia incomodá-la.
Por falar em crueldades, fica pelo caminho uma Espanha que cresceu ao longo do torneio, um time rejuvenescido e que tirou do conforto, em plena semifinal, a seleção que mais impunha sua forma de jogar aos rivais. A nova Espanha se impôs a partir de suas ideias, com novos nomes e antigos pilares: conceitos do chamado Jogo de Posição, ocupação racional dos espaços, atração de rivais para onde interessava aos espanhóis, criação de superioridades. Construiu um grande gol de empate a partir de seu modelo, em ótima manobra de Olmo e Morata. Pois justamente os dois perderam as penalidades. Cruel.